A Importância dos
Sacramentos na vida do Cristão
Vivemos
em uma época sem precedentes na história do mundo; a tecnologia tem acelerado
os processos e métodos de produção industrial.
A propaganda cada vez mais enfática, de forma imperativa, tem
impulsionado o consumo em sua estratégia ímpar de fomentar a compra e venda de
produtos; assim, também, acontece com a disponibilidade e velocidade da
informação. Estima-se que, atualmente, a “geração de conhecimento” vem sendo
dobrada a cada cinco anos causando, assim, profundas mudanças na sociedade. Em
meio a isso a Igreja, ainda que de forma muitas vezes rudimentar, na tentativa
de acompanhar essa grande mudança, vem acumulando uma crise de identidade, pois
ainda não conseguiu de forma plena tratar essa nova realidade sem violentar os
princípios de Deus. Hoje, embora não haja uma definição exata do período em que
estamos vivendo, a pós-modernidade, se assim podemos chamar o atual período,
tem apresentado uma sociedade movida por um profundo desejo de liberdade,
inclusive, liberdade de culto a Deus.
A
Secularização, quando radical, traz uma solução mais científica para as
resoluções dos problemas pessoais e comunitários acarretando uma autonomia ou
independência da religião, ato que infunde na sociedade uma tendência contrária
à experiência de fé tão necessária à vida humana. Dessa forma, quando o homem
tende a supervalorizar a ciência em detrimento do elemento sobrenatural causa
um reducionismo no fenômeno social da secularização a que atribuímos o nome de
Secularismo.
Essa supervalorização da ciência
tem criado uma lacuna muito grande entre a sociedade e o sacramento, fato que
deve ser avaliado com cuidado pela própria Igreja. Se no mundo antigo o acesso aos remédios ou
aos profissionais da área da saúde era improvável, o que fez da religião uma
grande ou quase exclusiva promotora da saúde espiritual, física e mental, hoje
o acesso a esses recursos são - mesmo que insuficientes - muito mais presentes
em nossa sociedade. Dessa forma, cabe à
Igreja uma releitura dos seus sacramentos, compreendendo a sua real e
verdadeira aplicação na saúde humana.
Contudo, o fato é que hoje grande parte dos problemas de saúde física e
mental dos homens são psicossomatizações provenientes da velocidade e do
desgaste emocional vivido pela sociedade secularizada. Dessa forma, percebemos
e retomamos a necessidade dos sacramentos em nossas vidas, visto que os mesmos
devem agir diretamente em nossa saúde espiritual.
Em
relação ao pluralismo religioso não o observo como um retrato atual da
religiosidade pós-moderna de ressignificação do sagrado, mas sim, como um
avanço no quadro das políticas públicas que vêm, no decorrer desses anos,
descriminalizando as práticas religiosas que, até então, eram contrárias à
moral cristã. Dessa forma, podemos dizer que a nova crise vivida pela Igreja,
onde os sacramentos têm sido apontados como grandes algozes, não ganha força
nesse discurso acima, pois o que há, de fato, é uma grande perda de hegemonia
da Igreja, inclusive da verdade absoluta e do questionamento dos dogmas. A sociedade
agora, mais questionadora e livre para escolher, não pretende abandonar a
Igreja, mas espera ansiosa por essas respostas ou transformações.
Dessa
forma, não devemos entender a crise atual como algo negativo para a Igreja, mas
sim, como um sinal de que é necessária uma mudança. O Evangelho nos diz que a Igreja é dinâmica,
contudo, ela vem no decorrer dos seus séculos perdendo esse dinamismo. Vivemos um momento de grande transformação na
sociedade. Logo, sendo a Igreja e os seus sacramentos nosso grande promotor de
saúde espiritual, necessitamos, mais do que nunca, dessa Igreja presente em
nossas vidas, aberta, principalmente, ao diálogo inter-religioso, pois a Igreja
é universal e a sua palavra de conversão não deve ser reduzida “à simples troca
de religião ou crença”, mas deve alcançar uma dimensão maior, ajudando no
processo de revalorização do mundo em prol do Evangelho de Cristo, que não faz
distinção entre “judeus ou gregos”. A
Igreja, para ser exemplo vivo do Evangelho, deve reavaliar sua tradição e
pesar, depois de dois mil anos, o quanto ela mesma já não se afastou do
Evangelho. A identidade da Igreja deve
ser Jesus Cristo e os sacramentos, os sinais palpáveis de sua graça.
Por Daniel G. Ribeiro
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