A Dimensão Simbólico-Ritual e Mistagógico-Vivencial dos Sacramentos


A palavra símbolo tem em sua etimologia o sentido de relacionar, unir, articular.  Os homens no correr da sua história fizeram bastante uso dessa profunda e autêntica linguagem, a Simbologia. Assim como os gestos simbolizam muito mais do que aquilo que são realmente (fisicamente), os símbolos, em suas diversas culturas, ajudam no processo ritualístico tornando nítida a manifestação das experiências e dos acontecimentos da vida.
O símbolo aponta para o mistério e torna visíveis os sinais divinos.  Dessa forma, percebemos que é através do simbolismo-ritualístico que se torna possível para o homem experimentar o inexpressável, pois o símbolo, de forma não reducionista, apresenta-se como um mediador dessa experiência religiosa. Contudo, o símbolo não descarta a necessidade das fórmulas na utilização da matéria (ritualística do símbolo).
Para haver o sacramento é necessário que haja uma intenção reta, e esta se inicia com o ensinamento da própria ritualística ao iniciado, apresentando o signo: o significante e o significado de cada símbolo. Assim, constitui-se um dos principais papéis da catequese, o papel de formadora, de preparadora, de conscientizadora.  Se o símbolo quer tornar visível tudo aquilo que está acontecendo ou acontece no plano invisível, a liturgia deve valorizar esses sinais sensíveis a fim de que tais expressões sejam atingidas em sua íntegra, valorizando as emoções, sentimentos e, não somente, a racionalidade.
Percebemos, assim, que o sacramento cristão, através da liturgia e utilização dos símbolos quer unir, através da memória, o que aconteceu no princípio, o que acontece agora e o que está por acontecer, através da vida e obra de Jesus de Nazaré.  Assim como, o pão quer nos falar algo maior quando deixa de ser apenas imanente, o homem em sua realidade vivível, ao transcender, comunica uma riqueza muito maior.
A Liturgia é um ato celebrativo que acumula uma grande dimensão mistérico-simbólica a ponto de reviver em cada culto o evento pascal acreditado.  Assim, surge uma nova experiência que chamamos de Mistagogia, ou seja, uma ação que nos introduz no mistério. Essa experiência acontece na vida pessoal e comunitária à luz da própria experiência vivida por Jesus através da manifestação do seu amor entre nós.
Dessa forma, a dimensão mistagógica dos sacramentos traça o resgate do homem a partir da vida de Cristo.  Sendo assim, os sacramentos passam a fazer parte da nossa nova vida cristã, pois é por meio deles que os sinais de Deus tornam-se claros para nós, iluminando nosso passado, presente e futuro, dando-nos mais força na vida e na fé, de forma que possamos, firmes na esperança que não decepciona (Rm 5,5), sermos cumpridores das promessas de Deus.
Contudo, os sacramentos não nos dão algum poder espiritual ou mágico, eles apenas nos fazem aderir a um projeto de vida mais responsável e reto gerando em nós um espírito de solidariedade que liberta e faz libertar, que nos salva e faz salvar.  Por esse motivo, para que haja sacramento é necessário que haja intenção reta, ou seja, uma vida comprometida com o amor de Deus.


Por Daniel G. Ribeiro



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