A Ética Cristã e a Missão Pastoral da Igreja


A ética cristã exige dos cristãos um compromisso de coerência entre a fé e a vida. A ética dos fiéis não é uma teoria, mas sim uma práxis concreta. Tem em sua natureza uma dimensão eclesial que tem sentido em função do Reino de Deus. (Texto base pag. 82)

         Quando falamos de pastoral torna-se, imprescindível, relatar que ela, impreterivelmente, deva ter cunho teológico, assim como, toda teologia deveria ter, também, um cunho pastoral. Devemos, a fim de melhor elucidar nossa reflexão,  pontuar que a pastoral não deve ser instrumento, apenas, do clero, mas de todo cristão leigo. Por isso é de suma importância a reelaboração, hoje, de um ministério pastoral proveniente da Cristologia, que resgate a concepção do sacerdócio universal.
Podemos, então, entender a pastoral como a práxis do cristão, ou seja, a missão e razão da Igreja, sinal do Reino que se realiza através da prática da justiça e da caridade, ação salvífica ensinada por Jesus de Nazaré. O Reino de Deus é a concepção máxima de excelência social, no reino não há exclusão, só não pertence ao Reino quem não quer, pois todos somos convidados e convidadas a nos deixar transformar-se pela graça de Deus e tornarmos árvores onde os frutos não cessam e nem as folhas murcham, assim como árvores plantadas a margem de um rio de água corrente, onde todo nosso investimento é garantido (Sl 1).
A Missão Pastoral não pode acontecer fora da Ética Cristã, sendo assim, a mesma deve caminhar à luz do Evangelho de Cristo para que haja coerência e fidelidade em sua prática. A Ética Cristã deve incitar a Missão a fim de que se tenham os mesmos objetivos, ou seja, trabalhar em prol do resgate dos valores sociais, gerar ou facilitar os processos de inclusão social, acordar a consciência adormecida e domesticada da sociedade; uma ética voltada, através da educação, do serviço e da caridade, para a instauração do Reino de Deus.
Contudo, não podemos deixar de comentar que a questão ético-moral é bem pertinente nos dias de hoje; os valores humanos como respeito, justiça, paz, disciplina, honestidade, humildade, fidelidade, sabedoria e amor estão sofrendo um esmagamento horrível; assim, também, acontece com os direitos básicos dos seres humanos como moradia, educação, segurança e saúde, todos fragilizados, quando, não, ausentes. A sociedade atual é fruto da má administração da liberdade que nos foi oferecida, resultado do consumo exacerbado, da ganância e da corrupção. Percebemos, nitidamente, que as Boas-Aventuranças, parte intrínseca da Ética Cristã, foram trocadas pela felicidade do “ter e do poder”.
Essa realidade atual só aumenta a responsabilidade da Comunidade-Igreja nesse processo de libertação da sociedade, a começar por ela mesma.  O Papa Bento XVI, na Carta da Encíclica Deus Caritas Est (DCE), recorda a importância do testemunho de amor que a Igreja deve dar ao mundo; uma relação plena que almeja sempre o bem a partir da evangelização espiritual e político-libertadora. A Carta também a ponta a necessidade de a Igreja ser um modelo, o lugar central da prática dessa caridade, chamando a atenção, principalmente, para os pobres e para a verdadeira Justiça. Esta, sem dúvida, é a Missão Popular da Igreja: trabalhar à luz da Ética cristã, por um mundo mais justo e igualitário, digno do Evangelho de Jesus.

Por Daniel G. Ribeiro

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