A responsabilidade dos líderes, tais como: Moisés, Aarão, Miriam e Josué


Uma das etimologias creditadas à palavra “líder”, afirma que sua origem primitiva vem do termo germânico leiten que significa conduzir, guiar. No latim, “conduzir” é educare; palavra composta pelo sufixo ex, acrescido ao termo ducereEx significa “fora” e ducere, “conduzir”; logo, compreendemos que educar é “conduzir para fora”.  Portanto, o “verdadeiro líder” é aquele que educa o povo para liberdade.
A escravidão nos dias de Moisés não acontecia, apenas, nas terras do Egito; era um modelo de sociedade comum para os povos antigos.  A partir desse fato, podemos entender que sair do Egito, em si, não se tratava, somente, de uma fuga, mas sim da construção de um novo pensar, de um novo modelo de sociedade; para isso foi necessária uma reeducação do povo. 
Percebemos que esta etapa da história embora tenha sido marcada pelo seu êxodo propriamente dito, ou seja, o ato de transladar, nos redireciona o olhar, quando esclarecido, para o verdadeiro êxodo existente, o espiritual; o caminhar para uma nova vida.  A fim de compor a performance e responsabilidade desses líderes na condução do povo de Deus por um novo caminho, começaremos por, de forma breve, os apresentar.
A Palavra de Deus nos orienta que a Moisés foi dada a condição divina (Ex 7,1) de ser (o) libertador, líder e juiz do seu povo. Após a libertação dos hebreus, aconselhado por Jetro, seu sogro, formou homens capazes de liderar, junto a ele, o povo, a fim de conduzi-los à terra prometida. (Ex 18, 13 - 27).  Aarão era irmão de Moisés e seu interlocutor (Ex 7,1) e, mais tarde, se torna o primeiro sumo sacerdote de Israel. Mirian, também irmã de Moisés, foi quem através da fé e da esperança cuidou do seu irmão Aarão e aguardou a vinda daquele que libertaria seu povo, Moisés; foi conhecida como a profetiza líder das mulheres de Israel (Ex. 15, 20).  Josué aparece como um jovem guerreiro; aprende a arte da guerra ao entender que Deus nos abre os caminhos, mas que a “batalha” é nossa (Ex 17, 9). Mais tarde, com a morte de Moisés, Deus começa a falar diretamente com Josué (Js 1, 2) que, assumindo seu cargo de líder, conduz e conquista, com os hebreus, a Terra Prometida.  O ponto marcante dessas lideranças é a ascensão do povo na sua relação com o Deus da liberdade, o Deus que luta contra o opressor; que dá esperança de uma nova vida; que se faz presente. 
Por outro lado, a angústia, o medo, a fragilidade, fazem da ”transcendência” uma necessidade marcante para este povo que é carente do Divino. Antes Javé era alcançado por meio “desse Moisés” (Ex 32, 1); com sua ausência (tempo que passou na montanha) o povo cria um ídolo para representá-lo (Ex 32, 1). Por isso, também é de suma importância, para o povo, a presença de um verdadeiro líder, de alguém que manifeste essa “condição divina”, visível, que lhe passe segurança. 
A liderança, por outro lado, também, deve ser aquela que prepara os indivíduos para serem líderes de si, não, apenas, seres motivadores, encorajadores, mas acima de tudo educadores do povo; educar para a liberdade, para o pensar certo, para a autonomia.
A raiva de Javé pelo povo, é causada, neste momento, pela confecção de um ídolo (o bezerro de ouro), ou seja, um novo líder (Ex 32, 1); agora, não mais humano. É fácil compreender essa preocupação de Deus, pois sua manifestação se dá através de nós, das nossas relações interpessoais.  Logo, a adoração a um ídolo limitaria, a princípio, a sua ação. Javé, na verdade, tem raiva pela cabeça dura do povo em não compreender isso (Ex 32, 9). 
Jesus, que não tinha “a cabeça dura”, ensina à samaritana que não importa a Deus (os) templos, imagens, montanhas, matas, cachoeiras, igrejas etc, porque Deus é espírito e verdade, e a ele importa ser louvado em espírito e verdade (Jo 4, 23).  Essa é a plenitude da liderança: a liberdade.  Contudo, em referência aos personagens do Antigo Testamento, a quem devemos citar nesta reflexão, a liderança foi marcada pelo conduzir, pela ação educativa de instaurar um desejo, uma esperança, a fé por uma vida melhor; vida, essa, que não se dá fora da relação íntima com o divino.

Por Daniel G. Ribeiro

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