A importância do reinado do Messias


           Fazendo uma síntese de Isaías, do capítulo 1 ao capítulo 11, poderemos construir a importância do reinado do Messias.  O livro começa acenando o abandono do homem a Deus, caracterizado pela decadência do culto a Javé em função da injustiça social; Deus reclama das ofertas; insinua que estas não são seu desejo maior, pelo contrário, em função da sociedade que se apresenta, elas se tornam sem sentido (Is 1, 13). Deus reclama ao povo que está carente de justiça, e ressalta que somos julgados segundo nossas obras, afirmando que tudo que plantarmos colheremos; Isaías os faz entender que a maior riqueza para Deus é a justiça social.  Notamos, neste momento, o saudosismo divino em relação ao período tribal, o tempo dos juízes.
O autor ressalta, iniciando o capítulo 2, que Deus nos ensinará o caminho da paz; neste dia não haverá mais guerra, pois a Sua luz estará sobre nós; Ele instaurará sua justiça e os soberbos não terão mais vez; só Deus será exaltado e o homem se renderá à humildade, acabará sua pretensão e autossuficiência. Então Deus virá e o homem o temerá.  Contudo, Deus se entristece, pois a ação do homem, ainda, se opõe à vontade de Dele. 
Passeando pelos capítulos 3 e 4 observamos a ira de Deus contra a vaidade e sua graça diante da humilde, da dignidade e da justiça, que compreendemos como a beleza interior; qualidades de que se compõe a santidade.
Isaías inicia o capítulo 5, enfatizando que Deus nos deu o suficiente para o nosso sustento, “o pão de cada dia”; e que a desigualdade é fruto da ambição, que tem como consequência a injustiça social. Por esse motivo, Deus nos pede cuidado com os exageros, com a luxúria.  Estas práticas são dicotômicas à simplicidade ensinada; viver de forma tão intensa, em relação aos prazeres da vida, nos afasta do projeto de Deus. Neste momento o autor avisa quanto à condenação dos ímpios afirmando que virá o juízo final e Deus separará os justos dos injustos. Garante que os injustos serão punidos porque escolheram a morte ao invés da vida; e nos aponta a morte como um estado de sofrimento e angústia.
            O Capítulo 6 é marcado pelo chamado de Deus ao profeta.  Isaías vê a corte celestial e (é) entende essa visão como um sinal divino em relação à consumação da sua atividade profética.  Deus o livra do pecado, abençoando-o, e Isaías se entrega à missão dizendo: “Eis-me aqui Senhor”.
No capítulo 7, Isaías anuncia que a “salvação” para aquele povo nascerá de uma virgem.  Para nós cristãos, já é um presságio ao nascimento de Jesus; muito embora, naquela época a salvação fosse, na verdade, o nascimento do filho de Acaz.
            O capítulo 8 aponta o sofrimento do povo pelo fato de ter abandonado a Deus; mas assegura aos homens, que têm confiança em Deus, um abrigo.  O texto nos orienta que a confiança em Deus deve ser plena; tem que ser maior do que a angústia que nos consome; do que a incerteza que nos tira a paz; pecamos, justamente, por não confiar plenamente em Deus.
A partir do capitulo 9, com o anúncio do Messias, é apresentada uma época de paz, justiça e humildade, onde Deus rejeita quem despreza a verdade.  Neste momento a mão de Deus pesará contra os que não são justos e Deus apontará o caos social gerado pela injustiça; e avisa: Deus fará a justiça. Acontecerá, então, a queda dos fortes.
Desde os primeiros capítulos, Isaías nos aponta a importância do reinado do Messias.  Mostra-nos um reino de paz, onde o Cristo, diferente de outras visões judaicas, não seria o Messias-guerreiro, mas o Bom Pastor; homem de sabedoria incontestável, entendimento pleno, prudente, corajoso, de inteligência crível e temente a Deus; a corporificação da Justiça Divina. O reinado do Messias retrata a nossa Gênesis, a terra como um paraíso, onde os seres vivem em paz, a natureza é preservada e o povo livre.
            

Por Daniel G. Ribeiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário