A moral cristocêntrica e sua importância para a pastoral
As
pastorais ganharam força após o Concílio, pois as mesmas deveriam responder positivamente
aos anseios da “nova” comunidade-igreja; a própria Optatam totius pensa nessa abordagem educativo-pastoral; isso para
fomentar ou aguçar a capacidade crítica em face à pastoral, por meio de uma
pedagogia mais eficaz, se não, própria. O que se esperava era uma experiência
mais concreta que articulasse bem a teologia à pastoral.
Essa
nova reflexão teológica tendo como alvo o conhecimento mais aprofundado dos
conteúdos, orientações e valores da “moral renovada”, visava formular novos rumos,
ou seja, novas características atitudinais, um novo modelo ético. Esse novo modelo, renovado, é inspirado a
partir da Sagrada Escritura em diálogo com a modernidade, cujo objetivo ou
consequência era retomar a ética cristã à sua origem primeira, à Bíblia. Assim,
a partir da década de sessenta, o processo teológico-moral enraizado na moral
prescrita na Escritura Sagrada começou a gerar uma exegese bíblica mais
encarnada na práxis dos cristãos. Contudo, devemos entender que a Bíblia não
deve ser um instrumento cômodo de busca à resolução dos problemas da humanidade,
pois a mesma não anula a autonomia da racionalidade ética.
No
Novo Testamento a atividade moral começa pela renovação do próprio sujeito,
transformação operada pelo Espírito Santo, lei que não é legalista, mas que age
pela liberdade. Assim, podemos entender
que a moral cristã se dá através da dinâmica do Espírito que impulsionava Jesus
e que impulsionou, também, os autores bíblicos, ou seja, uma moral semelhante “a um pai de família que tira do seu baú coisas novas e velhas” (Mt
13, 52).
Essa
nova moral nos leva ao serviço, à caridade, “cuidando do enquanto pessoa
confiada por Deus à nossa responsabilidade” (Evangelium Vitae, 87). Podemos
dizer, então, que a moral cristã acontece, justamente, no seguimento da pessoa de
Jesus, prática que exige uma grande transformação interior, sabendo que essa
transformação se dá, principalmente, no convívio com a comunidade.
Desse
modo, percebemos que a ética cristã passa ser a moral observada à luz da história
da salvação a partir do seu objeto central, Jesus Cristo; uma moral não mais
subjetivamente fechada, mas vigilante, atenta aos acontecimentos, ou seja,
dinâmica. E é essa moral renovada que vem, no decorrer desses anos, viabilizando as
mudanças mais importantes e necessárias para a teologia moral, influenciando,
assim, diretamente, a práxis da Comunidade-Igreja e a sua relação com o resto
do mundo.
Por Daniel G. Ribeiro
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