Decreto Optatam Totius n.16 e a reflexão ético-teológica

  A indispensável presença da Sagrada Escritura se tornou, desde o Concílio Vaticano II, o marco inicial metodológico da Teologia. Para a Optatam Totius n.16 o estudo mais arraigado da Teologia deve iniciar pela sua alma, ou seja, o conhecimento da Sagrada Escritura. A Teologia teve, inicialmente, seu marco referencial com os debates e explicações teológicas a partir da Tradição Cristã. As “fórmulas” de fé, pragmatizadas no decorrer dos anos passados, queriam, apenas, reafirmar as Escrituras, porém, apresentando-as, apenas, com termos diferentes; seu estudo caminhava pelo campo intuitivo, inspirado.
  No decorrer dos séculos (mais atuais), a elaboração teológica, em seu desenvolvimento, aumentou a sua pragmatização tendendo a repetição de fórmulas, e foi, justamente, nesse contexto que se fez necessário retomar o estreitamento entre a leitura bíblica e a teológica a fim de produzir novos sentidos e significados.
  Nesse contexto o estudo dos Evangelhos ganhou mais evidência, sendo os mesmo estudados à parte ao longo do tempo. Bem diferente do passado, aumentou-se a exigência em relação ao domínio da Sagrada Escritura seguindo o método orgânico sob a perspectiva da história da salvação; o estudo se tornou mais sistemático, a moral foi renovada corrigindo, assim, as distorções da Moral Neo-escolástica.  Dessa forma, a partir do contato com a Sagrada Escritura, a Ética Cristã e a Teologia Moral se aprimoram gerando uma integração mais coesa com o mundo, superando o dualismo e promovendo uma maior idoneidade cristã, aproximando-nos do Evangelho de Cristo, da verdadeira prática religiosa, amar e servir ao outro, ou seja, os frutos a que somos chamados a produzir para a vida do mundo.
  “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10). Dessa forma, devemos ter como compromisso basilar o anúncio do projeto do Reino de Deus, ou seja, a reestruturação social a partir da leitura da Palavra, cujo objeto central deve ser a vida e obra de Jesus de Nazaré.  Assim, caminharemos rumo à consolidação da sua vontade intrínseca: a instauração de uma sociedade mais justa e igualitária.
  Portanto, nós cristãos, necessitamos, primeiramente, vivenciar esse projeto conscientizando-nos dele e colocando-nos a seu serviço, pois o nosso maior testemunho é esse que, iluminados pela fé, tornemo-nos capazes de vivenciar a Palavra a partir do discernimento moral oferecido pelo próprio Evangelho libertador.

Por Daniel G. Ribeiro





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