O Diálogo Reafirma a Identidade

O DIÁLOGO REAFIRMA A IDENTIDADE

De acordo com Buber (BUBER, 1977, p. 32), “O homem se torna eu na relação com tu”. 

Dessa forma, em uma esfera mais intensa de diálogo encontra-se a experiência religiosa, ou seja, o encontro de pessoas que, enraizadas nas suas pertenças específicas, compartilham entre si experiências de oração e contemplação da fé, assim como a experiência concreta destas (SECRETARIADO PARA OS NÃO CRISTÃOS, nº 35).

            A tolerância é o princípio da possibilidade do diálogo, enquanto a intolerância aponta para um profundo despreparo religioso e social. Assim, devemos, enquanto sujeitos religiosos, compreender que o espaço transcendental do outro é, também, um solo sagrado, e por isso, exige de nós verdadeira coragem para, ao invés de acusá-lo, conhecê-lo e percebê-lo, ultrapassando as barreiras do nosso “si”, e assim, fraternalmente, construindo mais o “eu” (PANIKKAR, 1993, p. 1149).   Destarte, compreendemos que o grande enriquecimento na fé que o diálogo pode proporcionar aos seus interlocutores é no âmbito da cooperação pela manutenção e promoção da paz. Um diálogo que leve à obra, à prática do bem em favor de um mundo mais justo e igualitário (SECRETARIADO PARA OS NÃO CRISTÃOS nº 29).

           Dessa forma, podemos concordar que o reconhecimento do outro enquanto sujeito religioso e o respeito pela sua forma de expressar a fé é parte intrínseca do processo de diálogo que, mais do que tolerância, implica a partilha da vida, a troca de experiências e de conhecimentos (DIAS, 2008. p. 141). A riqueza do diálogo está justamente nesse intercâmbio da fé que, ao contrário do que muitos pensam, não põe em risco a pertença religiosa dos sujeitos envolvidos, mas, ao contrário, reafirma a sua identidade.

Por Daniel G. Ribeiro

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DIAS, Z. M.; TEIXEIRA, F. Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso. A arte do possível. Aparecida: Editora Santuário, 2008.

PANIKKAR, R. Religión (Diálogo intrarreligioso). In: Casiano FLORISTAN & Juan José

BUBER, M. Eu e Tu São Paulo, Cortês e Moraes, 1977.

SECRETARIADO PARA OS NÃO CRISTÃOS. A Igreja e as outras religiões.

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