Histórico e Ressuscitado... Jesus é um só!


Primeiramente será contextualizada, aqui, a relação indissociável entre o Jesus Histórico e o Jesus Ressuscitado, colaborando, assim, com a afirmação de que toda vez que há essa valorização unilateral, acaba-se por praticar uma heresia a partir de uma visão dualista da pessoa de Cristo. Para que seja considerada a plenitude da Sua existência, não deve haver alguma cisão entre o Jesus Histórico e o Jesus Ressuscitado, pois a ressurreição é, em verdade, como veremos aqui, a contemplação de uma vida em Deus, dedicada ao serviço e ao amor, ou seja, uma vida eucarística.
O evangelho de João inicia-se dizendo-nos algumas palavras-chave para o entendimento dessa afirmação:

Mas, a todos quantos o receberam (o Verbo), deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. (Jo 1, 12 – 14)


Como afirma João, Jesus é essa plenitude, pois não apenas recebeu o Verbo, mas, Nele, coexistiu.  Dessa forma, torna-se impossível desassociar o Cristo Ressuscitado do Jesus Histórico.  A vitória de Jesus sobre a morte deu-se no Monte das Oliveiras, onde, de fato, consolidou-se a sua eucaristia. “Pai afasta de mim esse cálice, todavia não se faça a minha vontade, mas a tua” (Lc 22, 42).  Essa humanidade, ou seja, essa fragilidade existente em Jesus nos enche de esperança diante da possibilidade de estarmos em comunhão plena com Deus, pois não o conhecemos mais como um super-homem, mas sim, como um de nós, sujeito às dores e tentações.  
Assim sendo, toda vez que há a desassociação da pessoa de Jesus através da valorização unilateral do Cristo, quer seja do Ressuscitado ou do Histórico, podemos observar uma perda significativa na plenitude da sua obra.
Segundo Garcia (1994, p. 19), “quando se acentua a importância do Cristo glorificado, em detrimento do Jesus terrestre, seguem-se consequências extremamente empobrecedoras para a evangelização, para a espiritualidade e para a vida cristã, em seu conjunto”.  Assim, também, quando se acentua a importância do Jesus terrestre, em detrimento do Cristo Glorificado as consequências são, igualmente, graves, pois não podemos reduzir sua obra a manifestos revolucionários e idealistas.  Jesus nos apresentou, através da comunhão, uma vida de plenitude eucarística, a verdadeira proposta salvífica de Deus.
Para não cairmos numa heresia dentro da nossa comunidade, devemos em nossa catequese educar o cristão a respeito da unicidade de Cristo que, embora tenha vivido duas grandes etapas, a do serviço e a da glorificação, nessas duas etapas, ou seja, “nesses dois modos de existência, trata-se sempre de um único sujeito: Jesus Cristo” (GARCIA 1994, p.21).  Lembrando, ainda, que foi a existência do Jesus Histórico que possibilitou a ressurreição, e que, também, foi através da ressurreição que conhecemos a sua dimensão histórica.


Por Daniel Gomes Ribeiro

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