Sobre a Doutrina do Pecado Original...


"Mas onde abundou o pecado, superabundou a graça.” (Rm 5, 20)
Primeiramente devemos crer que nunca houve um ser humano privado do amor e da graça de Deus; porém, esse afastamento é parte integrante da natureza humana.  Temos uma inclinação natural à prática do mal, fato que nos tem afastado a cada dia do projeto inicial de Deus em sua criação: o desejo de que o homem fosse à sua imagem e semelhança.
Dessa forma, compreendemos que independente do pecado “originante” que herdamos da sociedade, temos uma opção pessoal acerca da aceitação ou não dessa corrupção natural do homem, ou seja, do pecado “originado”.  Queremos dizer que, compreendendo o pecado como uma ideia de “condenação” no sentido de “não-salvação” e por crer que Deus não condena ninguém, não percebemos nesse processo uma determinação para o pecado, mas sim, uma condicionalidade humana para o mal; e, por ser, apenas, condicional ao invés de determinante, não nos torna réus da carne, mas sim, optantes ou não pela corrupção.  Contudo, a opção pelo bem requer um processo de libertação e esse é o ponto principal a ser desenvolvido quando falamos na doutrina do Pecado Original. 

Jesus, então, disse aos judeus que acreditaram nele: “Se permanecerdes em minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos tornará livres”. Eles responderam: “Nós somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como podes dizer: ‘Vós vos tornareis livres’?” Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, vos digo: todo aquele que comete o pecado é escravo do pecado. O escravo não permanece para sempre na casa, o filho nela permanece para sempre. Se, pois, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres. (Jo 8, 31-36)
 
Jesus, por ter sido “cem por cento” homem, nos garantiu essa libertação adjudicada a uma verdade reveladora, apresentando-nos, assim, o caminho para uma nova vida. Verdade que nos torna “verdadeiramente livres” para a santidade a fim de que possamos produzir, como servos de Deus, bons frutos para a sociedade (Cf. Rm 6, 22).  
Jesus apresenta-se como uma liberdade tão simples e profunda que, além de nos livrar da escravidão da concupiscência, nos torna sujeitos não, apenas, livres, mas, também, autônomos para a vida; autonomia que, alicerçada à sabedoria do Espírito, forma homens e mulheres capazes de pensar, de refletir, de transcender, de se libertar, de romper as amarras do pecado original, quer seja o originado ou o originante. 
Dessa forma, observamos que a salvação em Cristo, embora seja graça, parte de uma vontade de todo ser humano, ou seja, depende de nós essa tomada de decisão. Nesse dia, quando inspirados por Cristo, tomados por Deus e movidos pelo Espírito que santifica, exercitando nossa plena capacidade de optar, optaremos, “pois, pela vida” (Dt 30, 19), negando a tudo que escraviza e que nos conduz à morte em favor da plenitude do homem, a qual chamamos, também, de salvação.
Por esse motivo é que devemos acreditar que a doutrina do pecado original não se trata de uma mensagem pessimista, pelo contrário, ela anuncia um mundo absolvido pela graça libertadora de Deus manifestada e oferecida pela encarnação de Jesus Cristo, em sua vida e obra.

Por Daniel G. Ribeiro

Um comentário:

  1. que Deus possa inspira lo a cada dia mais.

    se pois o filho vos libertar verdadeiramente sereis livres e para sermos livres do pecado ficamos com o texto que diz:(João 1:12) - Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome;

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