A
Revelação de Deus acontece na realização do ser humano, ou seja, no momento em
que abandonamos a irracionalidade e migramos para a razão. Essa peculiaridade
desenvolvida ou concedida ao homem passa a ser a sua maior habilidade:
questionar. Foi questionando o mundo e a si mesmo, que o homem começou a
perceber uma lacuna nessa constituição chamada “Existência”.
Assim,
podemos dizer que Deus se revela aos homens, em prol da sua humanização, no
momento em que há, no próprio homem, o desejo ou necessidade intrínseca de
querer dar um sentido a sua vida. Dessa forma, podemos identificar as mudanças
de comportamento e opinião em relação a Deus cada vez que o homem encontrava
uma nova compreensão da sua própria existência.
Torna-se
fundamental, para esta reflexão, compreendermos, também, que a ideia de Deus,
como princípio de toda existência, acontece diante da percepção do homem que,
compreendendo-se insuficiente, entende-se incapaz de “ser” sem a presença de
Deus, ou seja, a sua habilidade de questionar a própria existência gera-lhe,
também, lacunas na compreensão da sua vida e dos seus por quês.
Assim,
podemos identificar, na história do homem, a Revelação de Deus acontecendo nos
momentos em que o indivíduo, diante a sua insuficiência, necessita
transcender-se, ou seja, ver em Deus o princípio da sua existencialidade,
proteção, força e direção. Podemos, assim, em relação à Revelação, observar que
Deus, em nosso princípio, concedeu-nos a habilidade de questionar, e foi
questionando a vida e a nós mesmos que, no decorrer da nossa história, fomos
percebendo em Deus o nosso próprio “Por quê” de existir.
Essa
é a dinâmica da Revelação de Deus diante dos homens: Deus liberta o homem; este
passa a ser humano; e, livre, o homem vai em busca das suas origens;
compreendendo-se insuficiente e frágil diante da própria vida e das suas
dimensões, transcende, encontra Deus e inicia uma história de salvação
estabelecendo uma relação de amor com o seu criador. Aprendemos no livro do
Gênesis que Deus nos fez sua a imagem e semelhança, contudo, podemos observar
que, no decorrer da história, foi o homem que “fez Deus” segundo sua imagem,
semelhança e necessidade.
Destarte,
não podemos encerrar esta reflexão sem citar o homem que mudou os rumos da
história humana revelando-nos o verdadeiro Deus, ou seja, a imagem do criador a
partir da própria leitura divina, Jesus de Nazaré. Jesus nos afirmou: “Antes de
Abraão, Eu Sou”! Jesus é o princípio, ou seja, ele vê a Deus sem o peso das
tradições humanas, sem o peso da corrupção da carne que fez de Deus, no
decorrer da história humana, não, apenas, álibi, mas motivo de mortes e
perseguições; Jesus revelou a verdadeira face do criador, mostrou-nos que é
impossível amar a Deus sem amar aos homens e a natureza.
Jesus
disse: “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida – E ninguém vai ao Pai senão por
mim”. Jesus se fez próximo dos homens e os aproximou. Assim, podemos concluir
esta reflexão refletindo sobre o novo caminho da humanidade, pós-Cristo, rumo à
salvação: Ninguém vai ao Pai, se não for pelo amor (ágape) ao próximo.
Respondendo
à pergunta inicial, podemos afirmar que a “estreita ligação” entre a Revelação
de Deus e a história humana se deu em (e através de) Cristo Jesus.
Por
Daniel Gomes Ribeiro
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