INTRODUÇÃO
O desejo de escrever a respeito desse tema
surgiu ao final de uma aula de Ensino Religioso, quando um aluno do 1º ano
do Ensino Médio me fez o seguinte
questionamento:
“Professor,
por que existem pessoas no mundo que não têm uma relação estreita com Deus e
têm tudo: uma boa família, bons pais, saúde, dinheiro, enquanto outras pessoas
tão ligadas a Deus passam fome, ficam doentes, são violentadas, estupradas,
abandonadas?”
Confesso que, naquele
momento, mesmo tendo um conjunto de respostas prontas para oferecer àquele
aluno, acreditei, por bem, esperar para respondê-lo. A inquietude dele
derrubou-me gerando, também, em mim, o mesmo sentimento que o dominava.
Imediatamente fiz um link com o anseio que, segundo o autor bíblico, tomou
Jesus, minutos antes da morte: “Senhor, por que me abandonastes?” Toda vez que
estamos fragilizados com uma injustiça ou dor, perguntamos: Por que, Senhor?
Essas e tantas outras situações é que nos chamam a atenção para buscarmos, em
Cristo, entender: O que Deus tem a ver com isso?
1ª MEDITAÇÃO – VÓS
SOIS A LUZ DO MUNDO
Pensando em como elaborar
uma possível resposta para o meu aluno e, também, para mim, resolvi iniciar com
uma leitura orante do Evangelho de João (Jo 1, 1-4).
“No
princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele
estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele
nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos
homens.”
Essa passagem me
iluminou... Pensei: o Cristo que está em Deus é a vida, e a vida é a luz dos
homens! Luz capaz de iluminar todo o nosso ser. Essa luz estava com Deus na
criação e ela era Deus! Contudo, a passagem afirma que em ninguém essa luz
tinha extrapolado até que “a luz (o Verbo) se fez carne e habitou entre nós”.
Em Jesus, o Cristo extrapolou! E foi este, justamente, o sinal do seu grande
plano de salvação, fazer-nos entender que essa luz é a vida, e que todos nós
devemos deixá-la emergir e ir ao mundo testemunhá-la, pois “não se acende uma
luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o
candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa”. Jesus, assim,
afirma que essa luz é parte intrínseca do nosso processo de criação, nos
levando a crer que Deus habita dentro de nós e não fora. “Vós sois a luz do
mundo!” E esse foi o princípio de toda a minha meditação à cerca da resposta
que merecíamos, o meu aluno e eu, receber.
2ª MEDITAÇÃO –
HUMANIDADE: PROJETO DE SALVAÇÃO
A segunda parte da
meditação deveria contemplar a ideia de abandono. Dessa forma, iniciei com a
passagem em que Jesus apresenta Deus como pai (Mt 6, 6-13).
“Mas
tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai
que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará
publicamente. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que
pensam que por muito falarem serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles;
porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes. Portanto,
vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
Venha o teu reino, seja feita a tua
vontade, assim na terra como no céu. O
pão nosso de cada dia nos dá hoje. E perdoa-nos as nossas dívidas, assim
como nós perdoamos aos nossos devedores. E não nos conduzas à tentação, mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o
poder, e a glória, para sempre. Amém.”
Grifei, acima, na
passagem, alguns pontos em que os questionamentos do meu aluno tornam-se mais
evidentes. Um verdadeiro pai abandonaria um filho? Negligenciaria socorro?
Conseguiria vê-lo passando fome e não o alimentaria? Qual pai ficaria de braços
cruzados vendo seu filho (ou filha) sendo estuprado? Essa ideia do Deus “todo
poderoso”, “Senhor bondoso e compassivo” fica em cheque no momento em que, a
partir do olhar do aluno, a injustiça que há no mundo é mais poderosa do que
Deus... Colocando, ainda, de certa forma, Deus atrelado à figura paterna atual,
marcada por todo tipo de abandono. Isso, porque todo imaginário paterno cai por
terra no momento em que acaba a ideia de proteção e provimento. E é,
justamente, nesse momento que surge a indagação: se Deus nada pode fazer,
então, onde está o seu “todo poder”? Eu, também, precisava saber...
3ª MEDITAÇÃO: AME E
FAÇA O QUE QUISER
A terceira meditação
deveria trazer, de alguma forma, uma justificativa para essa ideia do abandono
ser substituída ou ressignificada. A primeira construção que me veio à cabeça
foi abordar a passagem bíblica que afirma que o Criador nos fez à Sua imagem e
semelhança, ou seja, Deus quis que tivéssemos o seu princípio divino, a saber:
a inteligência, a vontade e a liberdade. Uma tríade que comunga com as três
pessoas divinas: Pai, Filho e Espírito Santo. Posteriormente, essa, também,
colaboraria para a trilogia de Paulo: Fé, Esperança e Caridade. Portanto,
podemos organizar assim:
Deus
|
Princípio
|
Fé
|
Inteligência
|
Acreditar
|
Humano
|
Espírito
Santo
|
Meio
|
Esperança
|
Vontade
|
Querer
|
Humanizante
|
Jesus
|
Fim
|
Caridade
|
Liberdade
|
Agir
|
Humanizado
|
Observemos, a partir desse
olhar, que se Deus interferisse, diretamente, na vida de todo ser humano, Ele
acabaria por burlar o princípio da própria criação, que pressupõe a liberdade
do agir. Então, temos um impasse a partir da criação, pois toda liberdade no
agir que não provém do “humanizado” torna-se, assim, escravidão, poder,
arbítrio. Lembrei-me, nesse momento, das palavras de um dos maiores doutores da
Igreja, Agostinho de Hipona: “ame e faça o que quiser!” Deus interferiu, sim,
no mal que há no mundo! Pois em Jesus, o Cristo extrapolou! Conhecereis a
Verdade, e a Verdade vós libertará! Esse é o fim... O amor que liberta o homem
para um agir humanizado!
Jesus é a prova da
possibilidade do humano surgir no homem a partir do Espírito que o santifica,
ou seja, humaniza. Não de fora para dentro como fomos ensinados, mas de dentro
para fora! Deus é humano e nos convida a sermos humanos também. Ou como
aprendemos: “Deus é santo e nos convida à santidade”. Jesus é o novo modelo, é
o novo homem. Por isso, nos deixa um mandamento novo: “Amai-vos uns aos outros
como eu vos amei”. Assim, a partir do olhar sobre esse Cristo que extrapolou em
Jesus e que nos convida também a deixar essa luz chamada humanidade brotar de
dentro dos nossos corações, foi que dei partida à segunda construção dessa
terceira etapa da meditação. Deus se manifesta plenamente em Jesus, e é do
Sagrado Coração que emerge o todo poder de Deus! Um coração humano!
4ª MEDITAÇÃO:
ENCONTRANDO UM TESOURO
A quarta meditação se
inicia no momento em que aquele conceito do Deus extrínseco de Moisés foi
sendo, ainda que nas entrelinhas, substituido pela novidade vivenciada por
Cristo Jesus, e que revê vários conceitos teológicos, como o de manter o
coração puro para que Deus possa entrar. Em verdade, não se trata, a partir
desse novo olhar, da entrada de Deus, mas sim da sua saída! Lembrei, então, do
que disse Tiago (Tg 1, 25-27):
“Aquele, porém, que
atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo
ouvinte esquecediço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu
feito. Se alguém entre vós cuida ser religioso, e não refreia a sua língua,
antes engana o seu coração, a religião desse é vã. A religião pura e imaculada
para com Deus e Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas
tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo.”
Deus habita em nós desde a
nossa criação. Foi o lugar que ele escolheu para viver a sua eternidade! Mas em
função do nosso coração endurecido temos um Deus, hoje, escondido, trancado,
impossibilitado dentro de cada um de nós. Eis que Jesus nos convida a essa
meditação dizendo: O mundo precisa muito de Deus! Abra o seu coração! Deixe,
também em você o Cristo emergir, transbordar... “Sobre tudo, o que se deve
guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida”(Pv 4,
23).
Contudo, nesse mesmo
coração que habita Deus, também habita o pecado, ou seja, tudo aquilo que
transgride a vida. Por esse motivo Tiago (Cf. Tg 3, 10-18) pergunta: Acaso pode
sair água doce e água amarga da mesma fonte? Meus irmãos, não pode ser assim!
Contudo, se vocês abrigam no coração inveja amarga e ambição egoísta, não se
gloriem disso, nem neguem a verdade, pois onde há inveja e ambição egoísta, aí
há confusão e toda espécie de males. Sejam Justos, pois o fruto da justiça
semeia-se em paz para os pacificadores!
Nosso coração é de uma
profundidade espiritual imensurável, por isso Jesus nos alertou para que
fôssemos para onde as águas são mais profundas (Lucas 5,4). Toda maldade é
superficial... Está nas margens do nosso coração... Mas Deus é como um tesouro
guardado dentro de um baú, lançado no mais íntimo do nosso ser... Precisamos,
assim, para buscá-lo, mergulhar em nossa própria existência, nos religarmos ao
princípio que habita em nós desde a nossa criação. Quem encontra esse tesouro,
vê Deus face a face!
5ª
MEDITAÇÃO: AMAR A DEUS É AMAR AO PRÓXIMO
Cheguei a essa quinta
meditação feliz com o que foi construído, na qualidade de resposta, acerca da
inquietude da pergunta inicial do meu aluno que, como já comentei, tornou-se
para mim também um desafio. Dessa forma,
compreendendo esse Deus dentro de nós, podemos facilmente entender algumas
passagens bíblicas onde, por exemplo, se reconciliar com o irmão é mais importante
do que fazer uma oferta a Deus. Em verdade, tudo nos leva a crer que Jesus
entendeu a reconciliação como a maior e principal oferta. Para Jesus é
impossível amar a Deus quando odiamos alguém. João, em sua carta, nos revela
isso: “Ele nos deu este mandamento: que quem ama a Deus, ame também seu
irmão”(1Jo 4, 21).
Um dos pontos altos da
salvação é a alegoria do Juízo Final! A forma com que o autor bíblico expõe a
ideia de que não é possível agradar a Deus, sem que seja pelo irmão, fica clara
nesta passagem (Mt 25, 37-40):
“Então os justos lhe
responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou
com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos?
ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?
E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em
verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a
mim o fizestes.”
Antes de iniciar a sexta
meditação pensei em fazer um breve apanhado de tudo o que foi traçado até aqui,
não como uma conclusão, mas para abalizar toda a linha de reciocínio. O
questionamento inicial do aluno, em suma, é o porquê de Deus não interferir no
mal e por que aqueles que “temem” a Deus e que levam uma vida santa, não têm, a
princípio, nenhuma vantagem (segurança e provimento) sobre os que não temem. A
resposta elementar seria: Se os que amam a Deus não estão sobre os cuidados dos
que, também, amam a Deus, então estão sujeitos a todas as coisas.
A primeira meditação nos
faz compreender que nós somos a luz do mundo e nisso está, a princípio, o todo
poder de Deus! Por isso, devemos deixar essa luz emergir a fim de que possamos
iluminar toda a terra.
A segunda meditação faz a
gente descontruir a ideia de que Deus é Pai no sentido de protetor e provedor.
Deus a tudo criou, mas a divisão justa dos frutos da terra, assim como o romper
com o direito do outro não são culpas Dele, mas do pecado que, também, habita
no coração do homem.
Em seguida, na terceira
meditação, pensamos: Então por que Deus não interfere na história? Observemos
que se Deus interferisse, diretamente, na vida de todo ser humano, Ele acabaria
por burlar um dos princípios da própria criação, que pressupõe a liberdade do
agir.
Por fim, na quarta
meditação encontramos a chave de todo o mal, que é o afastamento do homem do
projeto de salvação. Um coração superficial, numa sociedade superficial, com
valores superficiais. Percebemos, assim, o porquê de Deus, na Palavra, nos
convidar a avançar para águas mais profundas. Pois, quem ama a si, ama a Deus.
Logo, quem se ama, ama ao próximo. Toda vez que nós mergulhamos nas profundezas
do nosso íntimo encontramos Deus, nos encontramos e encontramos os nossos
irmãos.
6ª
MEDITAÇÃO: O PODER DA ORAÇÃO
Na quinta meditação foram feitas duas
alegorias a respeito do coração do homem. A primeira afirma que é um coração
trancado, com amarras, que não permite esse emergir de Deus. Já, na segunda, o
coração é comparado a um oceano que esconde um grande tesouro em suas
profundezas. Hoje, sou formador (evangelizador) num grupo do movimento “Mães
que oram pelos filhos”, logo, não poderia deixar de falar a respeito do poder
da oração nesse processo de autodescobrimento, de libertação.
Inicio esta sexta etapa de meditação com uma
notícia: Nenhuma oração faz Deus “funcionar”! Deus é, por princípio, uma fonte
inesgotável e ininterrupta de vida e, por isso, de ação. Ele está sempre
agindo... Então, qual é o poder da oração? Assim como vimos na primeira meditação, a oração é um
movimento pessoal ou coletivo de abertura do coração. Deus emerge do íntimo dos
nossos corações toda vez que oramos. A oração é justamente esse movimento de
colocar a luz no candeeiro, a fim de que ela brilhe diante dos homens, para que
vejam as boas obras e glorifiquem o Pai que está nos céus (Cf. Mt 5, 15-16).
Dessa forma, podemos perceber que a oração é
o caminho para esse mergulho em nós mesmos. Orar é religar-se ao criador que
habita em nosso íntimo. Contudo, a oração vai além... De uma forma mais
sublime, podemos afirmar que ela é, também, um mergulho no íntimo do outro... É
um encontro com o mesmo sagrado onipresente no coração do nosso irmão. O Deus
que habita em mim, saúda o mesmo Deus que habita em você... Namastê!
A beleza da oração está em ser um despertador
da alma, em permitir que esse Deus possa agir.
Enquanto Deus está aprisionado em um coração
de pedra, a pessoa mata, estupra, escraviza, se corrompe... Por isso, Paulo
pede para que oremos uns pelos outros, pois devemos ser esse elo de libertação.
A oração não deve se iniciar quando mais nada for possível fazer; a oração é o
princípio de toda e qualquer ação. Sendo assim, como sujeitos religiosos, temos
esse compromisso de orarmos mutuamente para que a luz de Deus resplandeça sobre
todos nós!
7ª
MEDITAÇÃO: CADA GRAVIDEZ, UMA NOVA ESPERANÇA
Seria bom que esta última reflexão fosse
iniciada com a narrativa do nascimento de Jesus, pois é a partir da sua
mensagem central que será motivado o último pensamento sobre a resposta que
estas meditações pretendem alinhar: a
Sagrada Família!
Leitura do Evangelho de Mateus (Mt 1, 18-25):
“Eis
como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de
coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo. José, seu esposo, que era homem de bem, não
querendo difamá-la, resolveu abandoná-la secretamente. Enquanto assim
pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: José,
filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi
concebido vem do Espírito Santo”. (...) Despertando,
José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua
esposa. E, sem que ele a tivesse conhecido, ela deu à luz o seu filho, que
recebeu o nome de Jesus.“
Nos dias de Jesus, as leis
eram severas em relação ao adultério. Conhecendo um pouco a tradição daquele
povo, compreenderemos que a atitude justa, perante a Lei, seria José entregar
Maria ao seu pai, que por consequência iria entregá-la à justiça; o ponto alto
dessa passagem é que a punição por adultério, naquele tempo, era a morte por
apedrejamento. Por outro lado, abandonando-a secretamente, a honra da casa de
seu sogro, Joaquim, seria preservada, assim como, a vida de Maria; pois, desta
forma, José assumiria toda culpa e, pela mesma Lei, a família de Maria deveria
a acolher; então José, por amor e perdão, sairia errante pelo mundo.
Enfim, José,
“despertando”, como diz a palavra, resolveu receber Maria como sua esposa...
Podemos perceber que o Cristo emergiu no coração de José no momento em que ele
optou pela vida. Para José a defesa da vida estava acima da Lei e da tradição!
Compreendemos, dessa forma, que foi o SIM de José para a VIDA que tornou
possível o grande projeto de Salvação: A encarnação de Jesus Cristo!
Leitura do Evangelho de
Lucas (Lc 1, 28-38):
“Ave, cheia de graça,
o Senhor é contigo. Perturbou-se
ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante
saudação. O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz
um filho, e lhe porás o nome de Jesus. (...) Maria perguntou ao anjo: Como se
fará isso, pois não conheço homem? Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá
com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho
de Deus. (...) Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra. E
o anjo afastou-se dela.”
Essa passagem de Lucas é
maravilhosa... Deus acha graça em Maria, cobre-a com o Espírito Santo e lhe faz
uma proposta! Maria responde: SIM! Muitos não dão a devida atenção a esta
passagem, mas ela aponta o despojo de Maria, o seu esvaziamento para assumir o
projeto de Deus: Faça-se em mim segundo
a tua palavra. Maria “é” segundo a Palavra de Deus! Temos, assim, um homem e uma mulher que optaram pela vida; optaram
pelo projeto de Deus; e que enfrentaram toda diversidade e tribulação da época
em que viveram para honrarem a confiança neles depositada: de serem uma Família
Sagrada!
Todos nós somos Josés e
Marias para Deus, e é, justamente, em nosso SIM, que está o TODO PODER
DE DEUS! Cada família que deseja viver segundo a Palavra é causa de alegria
para Deus, e o seu fruto será sempre SAL
e LUZ para o mundo! Dessa forma, cada
gravidez é esperada por Deus como uma nova esperança para o seu projeto de
salvação instaurado por Cristo Jesus!
CONCLUSÃO
Durante as meditações fui
me alegrando, justamente, pela simplicidade com que os argumentos para as
respostas que eram desejadas foram ganhando forma e autonomia. Em cada
meditação, eu aprendia mais... Prova de que esse movimento de ida, de busca, de
compreensão do mistério, faz-nos mergulhar no mais íntimo do nosso ser, nos
aproximando, assim, do nosso criador.
Dessa forma, a inquietude
que deu início a toda esta meditação não encontrou, apenas, uma resposta, mas
um melhor entendimento, inclusive, do meu papel como evangelizador. Espero,
assim, ao apresentar estas meditações para aquele que, a partir da sua dúvida
de fé, motivou-me a escrevê-las, tocar o seu coração a fim de que ele possa
mergulhar, também, no mistério divino que é o nosso íntimo.
Irei retomar à pergunta
inicial para dar início à conclusão de todo esse caminho percorrido até aqui:
“Professor,
por que existem pessoas no mundo que não têm uma relação estreita com Deus e
têm tudo: uma boa família, bons pais, saúde, dinheiro, e outras pessoas tão
ligadas a Deus, estão passando fome, ficam doentes, sendo violentadas,
estupradas, abandonadas?”
Nobre aluno, a quinta
meditação, por si, já responde a sua indagação; nela se encontram elementos
suficientes para satisfazer os seus anseios. Contudo, esse mergulho no mistério
divino me fez ir além; não basta sabermos a causa, não basta compreendermos os
porquês, devemos ser co-participantes desse processo de transformação do mundo,
ou seja, daqueles que, por ainda terem Deus aprisionado dentro dos seus corações
de pedra, matam, estupram, escravizam, se corrompem...
Este é o caminho... Assim
como aquilatado na sétima meditação. Toda vez que alguém diz SIM para a vida, para a benção, para o
bem, está abrindo o seu coração e ofertando ao mundo um DEUS TODO PODEROSO. Percebi, neste exato momento, que as sete
meditações são os caminhos para esta transformação... A esperança
alimentada pelo poder da oração
liberta o nosso coração para o amor ao
próximo que é o maior tesouro de
Deus! Quem ama é livre para fazer o que
quiser, pois é verdadeiramente
humano; e estando salvo é luz para o
mundo!
Por fim, é pertinente
enriquecer esta conclusão com a presença de umas da maiores doutoras do
cristianismo, Teresa de Ávila. À luz de Santa Teresa, compreendi que a prova da presença de Deus na vida do
crente não se mede pelo livramento de todos os males, mas sim, na força do
amor, do perdão e da fé que o faz levantar,
seguir e recomeçar!
Daniel G. Ribeiro