A
Lumen Gentium no capítulo II nos
orienta a respeito dessa possibilidade de superar a dicotomia
hierarquia-laicato através do Batismo, pois nos momento que somos marcados pelo
Pai, Filho e Espírito Santo, transformamo-nos em “uma nova criatura” (2Cor 5, 17).
Recebemos, também, no Batismo, o óleo que, no passado, ungiu os reis, profetas
e sacerdotes; assim, pelo batismo, somos, sem exceção, chamados a ser
sacerdote, profeta e rei.
Dessa
forma, dentro desse sacerdócio comum (LG 10), participamos dos Sacramentos e
nos mostramos unos, ou seja, sem divisões (LG 11). Através do Batismo somos
aderidos à Igreja, purificados pelo Espírito simbolizado pela água,
tornando-nos filhos de Deus, ou seja, membros do Seu povo, irmãos de Cristo.
Esta
unidade se manifesta pela caridade em resposta à comunhão com a comunidade, que
se torna viva - para nós - através da Eucaristia; sacramento que nos faz,
também, lembrar, a cada dia, da conversão a que fomos chamados, unidos pelo
mandamento do amor que se estabelece para uma participação mais efetiva na
promoção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Todos
somos sacerdotes pelo Batismo, porém, o Sacramento da Ordem dá àqueles que
buscam esse serviço à comunidade um poder ministerial, já que são responsáveis
pela organização e regência do Povo de Deus. Contudo, todos somos fiéis guiados
pelo Espírito Santo, com a mesma missão e o mesmo fim: evangelizar.
Os
leigos não estão fora da hierarquia da Igreja.
Contudo, a sacralização ou santificação dos sacerdotes ordenados trouxe
para esta unidade uma pequena segregação que, em alguns casos, ganha maior
proporção e chega a gerar idolatrias. O
Evangelho nos ensina a unidade-Igreja não deve ser marcada por divisões ou relações
de “castas” entre seus membros.
Na
Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo não existe quem seja maior ou menor, mais
importante ou menos importante (Lc 22, 26; 1Cor 12, 1 - 27). Dessa forma, o
sacerdócio comum dos fieis, assim como, sacerdócio ordenado, interage
mutuamente, em unidade, cada qual, a seu modo, participando de um único
sacerdócio, assim como Jesus Cristo aconselhou. Contudo, a hierarquia vem
marcar a necessidade de ordem dentro desse corpo, para que o mesmo funcione
bem; assim, na Igreja, “Deus estabeleceu primeiramente apóstolos; em segundo
lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois os que realizam milagres,
os que têm dom de curar, os que têm dom de prestar ajuda, os que têm dons de
administração e os que falam diversas línguas” (1 Cor 12, 28).
A
igreja constituída por Cristo, cujo princípio é a unidade e o amor, torna-se
para nós um Sacramento de vida e liberdade salvífica conquistada pelo Seu
sangue (At 20, 28), revestindo-a com seu Espírito solidário. Para crescermos
nessa adesão a Cristo, temos que vivenciar, cada vez mais, a graça do Batismo
nos tornando, por Cristo, sacerdotes do povo, pois esse sacerdócio é que nos
comunica a beleza da mensagem salvadora a toda humanidade, sem exceção.
Assim,
percebemos que tanto o sacerdote ordenado, quanto o laico, têm os seus carismas
próprios, contudo, movidos por um mesmo Espírito. Todos fazem parte do Povo de
Deus, sendo membros do Corpo de Cristo e Templos do Espírito Santo.
O
Sacramento do Batismo nos direciona à comunhão, e esta por sua vez, nos aponta
o caminho para o serviço comunitário. Por esse motivo é de suma importância que
os dois Sacramentos de serviço da Igreja, o matrimônio (leigos) e a ordem
(Clero) vivam, também, em plena comunhão.
Para
que o leigo possa, cada vez mais assumir um papel de liderança na Igreja, se
faz necessário tornarem-se mais operantes nessa missão, estudando e se
aprofundado no mistério da fé e no estudo da teologia bíblica. Por outro lado,
é de suma importância que o clero se aproxime mais do povo, conviva mais nas
comunidades enquanto sujeito, também, dessa comunidade.
Por
Daniel G. Ribeiro
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