A missão da Igreja e a sacramentalidade da Revelação
Pela fé, sabemos que a Palavra de Deus formou os mundos; foi assim
que aquilo que vemos se originou de coisas invisíveis. No começo a Palavra já
existia: a Palavra estava voltada para Deus e a Palavra era Deus. A Palavra
estava no mundo, o mundo foi feito por meio d'Ela, mas o mundo não A conheceu.
Ela veio para a sua casa, mas os seus não A receberam. Ela, porém, deu o poder
de se tornarem filhos de Deus a todos aqueles que A receberam, isto é, àqueles
que acreditam no seu Nome (cf. Hb 1, 3; Jo 1, 1; Jo 1, 10-12). Por causa da fé,
os antigos foram aprovados por Deus; eles não nasceram do sangue, nem do
impulso da carne, nem do desejo do homem, mas nasceram de Deus; e foram
aprovados por causa da fé que tinham; mas nenhum deles alcançou a promessa.
Deus, então, preparou-nos algo melhor, uma luz verdadeira, aquela que
iluminaria todo o homem, a fim de que conhecêssemos a perfeição e fosse, por
nós, alcançada a promessa; porque a Lei já havia sido dada pelos antigos, mas o
amor e a fidelidade só viriam através de Jesus Cristo: a Palavra que se fez Homem e habitou entre nós (cf. Hb 1, 2; Hb 11,
39-40; Jo 1, 1-17). Em Jesus, o Deus invisível torna-se visível para o mundo. Ele
é substancialmente o grande sinal revelador do Pai e da união dos homens com o Criador.
Assim, podemos dizer que Jesus é o sacramento Fontal e substancial de Deus.
O documento de
Puebla nos faz lembrar: “Cristo é imagem do Deus invisível “(Cl.1.15); é o sacramento,
por isso sinal, sensível da realidade invisível primordial do Pai: “Aquele que
me viu, viu o Pai” (Jo. 14, 9). E foi a partir dessa humanidade santa de Jesus
que recebemos os sinais de Deus, o amor solidário, as curas, os milagres e a
santificação para os homens. Dentro dessa humanidade é que Deus pode nos renovar;
foi através de Cristo que tivemos a possibilidade de vivenciar as graças de Deus
de forma concreta (Lc. 6,19). Em Jesus, Deus fez novas todas as coisas. Por
isso, nós, em Cristo, somos renovados, chamados para uma vida nova, insuflados
pelo Espírito Santo.
Na Igreja
Católica os sacramentos ocupam um lugar central na liturgia; estes nos preparam
para recebermos de forma plena a graça de Deus. Dessa forma, sendo Cristo o
Sacramento Fontal de Deus, a Eucaristia torna-se para os cristãos o maior
alimento das suas vidas. Por esse motivo São Tomás de Aquino nos ensina que a
Eucaristia não é somente um sacramento, mas também, um sacrifício; sinal
(sacrifício) que é sacramentado ao nos comunicar a graça salvífica que há em
Cristo imolado. Esse movimento faz da Eucaristia um alimento perfeito,
justamente, por apresentar o duplo caráter de sacramento e de sacrifício. A
Eucaristia, assim, é ofertada não somente aos que estão na Igreja, mas os que
não estão também, pois ela
é oferecida, enquanto sacrifício, para a salvação de todos os homens. (Suma
Teológica, III, q.79, a.7)
É
fato que todos os sacramentos ocupam esse lugar central. Contudo, se Cristo é o
Sacramento Fontal de Deus e se foi pela sua morte e ressurreição que chegamos à
lógica do Reino de Deus, então o sacrifício torna-se a marca forte da nossa
comunidade, hoje representado pela cruz-morte Jesus e transubstanciado pela
hóstia-vida de Cristo. Assim, vivemos o dinamismo da fé em nossa vida eclesial.
Por Daniel G. Ribeiro
Por Daniel G. Ribeiro
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